segunda-feira, 5 de junho de 2017

sangue negro

Todas as noites a fera interior busca mais alimento.

Ela já foi uma mulher, mas hoje não se lembra mais o que ela foi e o que representava.

Consumida por uma fome de sangue, seus olhos negros buscam a presa ideal, que sacie o seu desejo por calor, que mate a sede que ela sente de forma tão profunda.

O sol não mais ilumina a cidade e durante as poucas horas em que as trevas cobrem as ruas da metrópole, ela, feito um demônio de pele alva, caça seu alimento.

O casal que dobra a esquina não tem mais do que uns vinte e poucos anos cada um. O olhar negro da fera brilha. Ela sorri e salta com a leveza de um felino. Um balé de vida e morte se desenha sobre a calçada fria. A carne é adocicada e mais uma vez ela se delicia.

Criação, foto, texto e arte: Nixon Vermelho
Modelo: Camila Scremin

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